13 de fevereiro de 2008

Descobertas novas diferenças no cérebro de aspies

O Site Technology Review, uma publicação do MIT, fez um artigo a respeito de estudo recentemente publicado na revista Neuron, no qual foi descoberto um défice específico das pessoas com Autismo de Alto Funcionamento. O estudo foi feito através de neuroimagens captadas em um momento de interação social. Estudiosos acreditam que a alteração está ligada a um menor senso de si próprio.

"Penso que este é um avanço emocionante", disse a professora Uta Frith, do University College London, na Inglaterra. Segundo a professora na maioria dos estudos encontramos apenas sutis diferenças nas pessoas com Autismo de Alto Funcionamento e que por isso é impressionante encontrar uma grande diferença. As conclusões podem ajudar a orientar futuras investigações sobre as causas do autismo e levar a novas formas de diagnóstico que não a simples observação, como é feito hoje em dia.

O artigo também fala sobre pesquisadores da Baylor College of Medicine, em Houston que acreditam já terem identificado uma marca fisiológica específica da Síndrome de Asperger (que é uma forma de Autismo de Alto Funcionamento). Read Montague, Pearl Chiu, e os seus colegas radiografaram os cérebros de adolescentes com Síndrome de Asperger enquanto participavam de um jogo sobre confiança mútua. O Estudo foi publicado em 2006.

No jogo, uma pessoa, chamada “investidor”, escolhe uma quantia em dinheiro para enviar a um segundo jogador, o “administrador”. O dinheiro é triplicado, e, em seguida, o administrador deve decidir quanto a devolver ao investidor. Quando jogado por voluntários normais, o jogo desdobra-se de forma muito interessante: gestos generosos são retribuídos com respostas generosas, enquanto o egoísmo inspira o egoísmo em troca.

Os pesquisadores radiografaram o cérebro, tanto do investidor quanto do administrador enquanto eles jogavam e descobriram um determinado sinal no giro do cíngulo do córtex que foi detectado apenas quando o investidor pensou em quanto dinheiro ia dar o administrador. Um segundo sinal foi visto apenas quando o investidor recebeu o dinheiro de volta do administrador.

De acordo com o estudo, as pessoas com Asperger jogam o jogo como uma pessoa não-autista jogaria, mas falta este sinal no cérebro. Nas pessoas normais, só falta este sinal quando eles pensam que estão jogando com um computador, o que sugere que as pessoas autistas vêem interações com outras pessoas de forma similar à que as pessoas normais vêem a interação com um computador.

Embora os resultados sejam animadores, ainda não é claro o que eles significam. "As pessoas pensam que os autistas têm uma falta de compreensão do parceiro", diz Chiu. "Mas talvez eles não compreendam seu próprio papel nas relações sociais". A identificação de défices específicos ligados a auto-percepção pode ajudar a responder o que correu nesse processo.

Atualmente Montague e sua equipe tentam desenvolver o seu estudo de forma a criar um teste de diagnóstico, ele afirma ainda que essa ferramenta também pode potencialmente ser utilizada para testar a eficácia de novos tratamentos comportamentais. No entanto, diz que há muito trabalho a ser feito antes que um teste assim possa ser utilizado. O trabalho no momento está voltado para torná-lo mais simples e testá-lo em pessoas com uma larga gama de QI’s, pois os voluntários de seu estudo tinham QI acima da média.

Outros pesquisadores do autismo preferem ser mais céticos em relação ao estudo. Matthew Belmonte, um cientista na Universidade Cornell, em Ithaca, NY. "Não estou convencido de que eles têm um défice. Talvez eles tenham adotado uma estratégia cognitiva diferente".

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