20. Uma análise pessoal da profundidade do problema
Pessoalmente creio que a chave para superar o autismo é compreendê-lo. O autismo é causado por diversos processos bioquímicos que afetam a forma com que o cérebro se desenvolve.
Durante algum tempo acreditei que o cérebro das pessoas autistas estava estruturado de forma ligeiramente diferente de forma que havia uma tendência maior dos impulsos neurais para viajar para cima e para baixo (pensamento literal) e uma menor tendência a moverem-se lateralmente (pensamento lateral). Este fenômeno estaria estendido por todo o cérebro ao invés de estar localizado em certas regiões. Os experimentos com redes neurais em redes de computadores tem demonstrado que as redes que enfatizam o movimento vertical da informação (como um cérebro autista) mostram uma grande habilidade com detalhes porém muita dificuldade para distingüir as coisas.
Em uma maior e mais complexa escala do cérebro, isto significa que as pessoas neurotípicas são mais conscientes do argumento todo e as pessoas autistas são mais conscientes dos detalhes. Os autistas são melhores nos problemas lógicos porém menos intuitivos. Isto não significa necessariamente que os autistas possuem memórias brilhantes, muito pelo contrário, a princípio podem ser bem distraídos para algumas coisas. A elevada sensibilidade sensorial e a constante atenção com os detalhes extras, a maioria dos quais não são importantes, podem ser uma fonte inesgotável de distração para a concentração e as habilidades de aprendizagem. Pode ser especialmente difícil captar a informação relevante referente à cultura em que vive, especialmente nas atuais sociedades evoluídas, nas quais creio que está havendo uma sobrecarga cultural (ver conhecimento geral).
O que eu acredito agora é similar ao descrito acima, mas ligeiramente modificado. Agora creio que talvez a causa primordial do autismo é uma predisposição à reavaliação de pensamentos prévios (e por isso a repetição e os rituais). Conseqüentemente a capacidade para a intuição e a consciência contextual se reduz.
Para avaliar uma situação social é preciso encontrar muitas pistas e uní-las o mais rapidamente possível em um conjunto. A dedução final é muitas vezes maior do que a soma de suas partes.Além disso, outra coisa difícil para a pessoa autista é encontrar um “ponto de equilíbrio” e isto pode ser visto em todos os níveis de conduta e relacionamento. A habilidade para adaptar-se ao “continuum situacional” e moldar-se ao mundo que o cerca é, sem dúvida, uma estratégia de sobrevivência extremamente antiga, que é mais relevante nos aspectos sociais da vida.
Muitos dos problemas experimentados por alguém com Síndrome de Asperger podem ser atribuídos à uma inexplicável sucessão de má sorte. A única forma de poder tornar este sentimento muito menos frustrante é encarar os seus problemas como desafios a serem superados ao invés de problemas.
Não quis que as pessoas pensassem que existe apenas uma definição do que é o autismo ou a Síndrome de Asperger, porém se tivesse que explicar com uma única frase seria:
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