8. Conversas
- Talvez você saiba que a arte de conversar se dá dentro de um conjunto de regras restritivas.
- Quando tomamos parte em uma conversa, o que dizemos normalmente deve ser uma continuação da última coisa que foi dita. Nos atemos a parte relavante de forma que a conversa flua suavemente.
- Tenha cuidado em falar o óbvio. Evite fazer perguntas quando você pode encontrar as respostas você mesmo. Desta forma a conversa se torna mais útil.
- Evite repetir a mesma mensagem com outras palavras quando perceber que já foi entendido. Isto pode ser bastante difícil porque a repetição do pensamento é algo muito próprio do autismo. O mesmo pensamento pode circular e circular “obsessivamente” na sua cabeça. Se tiver que falar sobre isso tente encontrar novos ângulos ou diferentes formas de fazer isto, melhor que isso é procurar alguma forma de semelhança em um assunto diferente. Assuma uma postura de buscar constantemente novas coisas para pensar, esta parece ser uma boa saída.
- Pode haver assuntos que fascinam você e você realmente queira muito falar sobre eles. Se o seu interlocutor estiver com um olhar ofuscado ou manter o foco em seus ombros, ele pode estar entediado. Você pode dizer: “Desculpe se falei demais, pois este é meu assunto preferido”.
- Também há pessoas que contestam o que as outras dizem sem dar-lhes tempo de acabar a frase. No entanto, se você percebeu que ela o compreendeu corretamente, então não há necessidade de terminar a frase.
- Se você disse algo que não fez sentido para as pessoas a sua volta, elas poderão se aborrecer, mas provavelmente o perdoarão. Afinal, todo mundo faz isso algumas vezes. Basta não fazer isso com muita freqüência.
- Se você precisa dizer algo que não é pertinente à conversa, mas que é importante, como por exemplo “Roberto telefonou para você hoje” ou “há um assunto que preciso falar com você porque tem me preocupado”. È melhor dirigir-se à pessoa quando ela não estiver mantendo uma conversa. Se precisa informá-la a respeito de um telefonema e pensa que poderia se esquecer disto se deixar para mais tarde, escreva uma anotação e deixe-a próxima ao telefone.
- Se você precisa dizer-lhe algo de importância vital, como “Roberto recebeu um golpe na cabeça e está caído inconsciente”, então você deve interromper a conversa.
- Para entrar em um conversa, você precisa antes ouvi-la. Ouvir pode ser extremamente difícil, principalmente se você tiver que manter os seus ouvidos abertos 24 horas por dia, mas com a prática isto pode melhorar. A coisa mais importante que você precisa escutar é o argumento (assunto) da conversa.
- Observe se as outras pessoas estão mantendo um contato visual com você, o que pode significar que elas desejam ouvir a sua opinião sobre o assunto da conversa.
- É mais ouvir se você não fizer nenhuma suposição ou tiver alguma idéia pré-concebida sobre o que os outros vão dizer.
- Alguns assuntos da conversa podem ser tabus, e se você tiver dúvida, é melhor se abster de comentar.
- Quando uma conversa é bastante emotiva, as pessoas costumam usar pequenas expressões como “Bola para a frente”, “Vai dar tudo certo”, “Isto é maravilhoso!”, “Bem feito!”. Se você usar estas expressões, pode parecer um tanto sensível e sentimental ao princípio, mas elas tem a mesma utilidade de dar a alguém um Cartão de Aniversário. Servem para abrir a conversa e permitir que o outro fale sobre como se sente.
8.1. Conhecimentos Gerais
- Mesmo sendo verdade que os autistas são melhores em captar os detalhes, isto só ocorre quando fazem um esforço consciente para tal, e podem ter uma grande dificuldade para captar os detalhes corretos.
- Além disso, por ficar focado em seus próprios pensamentos, pode ser extremamente difícil captar as coisas rapidamente, da forma com que as pessoas neurotípicas estão acostumadas a fazer.
- Pode ser difícil entrar em uma conversa se você não tem o conhecimento geral de que necessita. O problema com este tipo de conhecimento é que não há uma fonte única de informação onde pode encontrá-lo, mas aqui vão alguns conselhos:
- As conversas sobre conhecimento geral quase sempre são sobre esportes (na Inglaterra, geralmente sobre futebol) música pop, filmes, política, mídia, televisão, tecnologia, roupas, hobbys e entretenimento. No entanto é muito raro encontrar alguém que seja especialista em todas estas coisas.
- Muitos adolescentes e adultos jovens que gostam de música colocam mais ênfase na pessoa dos astros da música pop do que na música que eles compõem. Às vezes eles ainda escolhem as suas companhias de acordo com a semelhança de preferências na música ou no esporte. Às vezes com este tipo de pessoas você só pode aceitar que é incompatível e procurar amigos em outra parte.
- Com referência a esta última afirmação, o esporte (por exemplo, o futebol) também pode ser muito seletivo. O esporte é um meio um tanto bairrista na maioria das vezes, onde as pessoas são amigáveis e apóiam umas às outras dentro dos que apóiam uma mesma equipe, mas discutem e enfrentam todos aqueles que enfrentam equipes diferentes.
- Televisão, rádio, revistas, filmes e jornais podem lhe ajudar a aprender sobre estes assuntos. Muitos folhetos que podem ser encontrados em revistas podem conter uma lista de álbuns, CD’s e filmes mais populares no momento. Porém, obrigar-se a aprender sobre assuntos que não te interessam pode ser uma grande perda de tempo se você não pretende tomar parte em uma conversa sobre eles.
- Se você decidir adquirir o conhecimento geral de que necessita para participar de certas conversas, é importante que também tente aprender escutando as próprias conversas, colocando uma especial atenção às pessoas famosas que forem mencionadas. Isto pode fazer com o que o processo de aprendizagem seja muito mais rápido.
8.2. Nomes
- Lembrar os nomes das pessoas pode ser muito difícil, mas é muito importante em conversas sobre pessoas famosas ou para entender argumentos sobre filmes, livros e especialmente em histórias de detetive.
- Lembrar dos nomes das pessoas que você conhece também é difícil, mas não é tão importante como você pode pensar. Lembre-se de não perguntar o nome de alguém mais de duas vezes e se, depois disto, mesmo assim não se lembrar de seu nome, lembre-se de prestar atenção da próxima vez que alguém o chamar.
- Pode ajudar a lembrar o nome das pessoas ligar eles mentalmente com características da pessoas, como “Sara é a que tem um anel no dedo” ou “Roberto é o de bigode”.
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